sexta-feira, 26 de julho de 2013

Mães e Pais uma e outra vez

Diz que este foi o dia dos avós. 
A poucos minutos do seu fim não podia deixar de lembrar as minhas pessoas que enchem as medidas ao titulo de Avó/Avô. Foram quatro. Apesar de ser um número óbvio podia não ser assim tão certo. Tantos são aqueles cuja afinidade sanguínea lhes atribui um titulo que não conseguem honrar. 

Felizmente, os meus avós foram Avós.

O Avô José. Nunca lhe senti o cheiro nem lhe ouvi a voz. Faleceu um ano e meio antes de me poder conhecer. Mas eu conheci-o. Conheço-o. Sei bem como adorava contar histórias e sei as suas histórias. Sei como era religioso e como educou os seus. Sei que tinha tanto orgulho quanto lhe cabia no peito pelos seus filhos trabalhadores e netos dotados de qualidades que só um avô consegue ver. Ficou em mim uma sede de lhe ter visto o olhar. 

O Avô João. Partiu era eu uma criança. Não percebia muito bem o que era isto de se ver partir alguém e nunca mais lhe poder sentir o cheiro ou ouvir a voz. O Alzheimer levou-lhe a memória e o Parkinson a destreza mas lembro-me dele muito antes disso. E como dizia "minha neta". Adorava rir e dava-me doces. Ainda lembro a sua gargalhada.

A Avó materna. A avó. A minha segunda mãe. Faleceu há bem pouco e foi como se me tivessem tirado o chão quando soube. Dei-lhe um beijo uma hora antes e do nada partiu, traída pela fraqueza dos seus pulmões. Era calma, ponderada. Cristã que só ela. Uma mãe para todos os netos e acima de tudo para os seus filhos. Sempre houve espaço para mais um na sua mesa e chá que sobrava. Sinto falta do seu olhar e de como me acalmava.

A Avó paterna. Forte e dona de si. Hei-de sempre lembrá-la forte e não como ficou depois da queda que a tornou fraca e que acabou por tirá-la de nós ainda a ferida da perda anterior não estava sarada (nem vai estar). Adorava o campo e tinha um amor por mim que lhe podia sentir na voz. Foi a última dos quatro a partir e ficou em mim a vontade de lhe ter dito algo mais. Ainda a ouço a chamar por mim e sei como brilhavam os seus olhos de orgulho a cada conquista minha. 

Hoje, no dia dos avós, lembro-me de cada um deles, das minhas pessoas e desejo que um dia, quando tiver filhos, estes possam olhar os meus pais com a ternura com que eu olho os meus avós.

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